Rodrigo Pinheiro . Portfólio
Nascido no Rio de Janeiro (1994), onde reside e trabalha, pesquisa como artista visual desde 2016. Sua prática artística encontra-se às voltas de confabular situações, infiltrando-se em diferentes espaços de convívio e suas dinâmicas. Ora efêmeras, ora intermináveis, estas enredam-se num ato fabulatório, ferramenta performativa e propositiva do trabalho, pondo-se a ficcionar a partir de nossas experiências de tempo redemoinhes no cotidiano telemático e hipermediado.

Recém-graduado no curso de Artes Visuais da Escola de Belas Artes - UFRJ, ao longo dos últimos três anos, expôs em instituições e espaços independentes no RJ — Paço Imperial, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticia, Museu Nacional de Belas Artes, Museu do Ingá, A MESA, Caixa Preta; além de infiltrar-se em espaços não tradicionalmente expositivos — estabelecimentos comerciais, consultórios, casa de outres etc. Atualmente, em residência na Casa da Escada Colorida (RJ).
É iminente que o trabalho de arte há de instigar algumas perguntas. Algumas, senão colocadas pelx artista,
então por quem o experimenta... A pergunta de que trato aqui nem faz muito tempo; nem de longe é a mais incomum. Foi quando expunha e pediram-me que tecesse algumas considerações acerca do trabalho. Mas
como possivelmente abordar o trabalho? Que fala lhe cabe? Por certo, não há resposta dada para tanto e,
como se isso já não bastasse, a mesma parece redefinir-se a cada — malfadada — tentativa. Mas ao
menos uma coisa parecia inevitável e, antes que a perdesse de vista, não hesitei em responder-lhes: o
trabalho? O trabalho já foi embora, antes mesmo da exposição, talvez há muito. Na ocasião, o que se
encontrava restava num cômodo vazio; a porta, entreaberta; a luz, intermitente. “Entrementes”, o título; nas
especificações técnicas anexada à parede, um recado: “Não pretendia ficar muito. Na dúvida, deixei a porta
entreaberta, a luz meio acesa.” Não pretendia ficar muito... Esses trabalhos nunca pretendem ficar muito,
ou, quando o fazem, evitam o fim não por benevolência, mas por incerteza. Alguns piscam, ebulem, chiam,
vibram, rangem, suspiram baixinho..., sempre movidos — ou paralisados — por inquietante dúvida. O
trabalho aqui é, de algum modo, tentar fazer falar. Fazer falar do que sempre há de se repetir: aquilo que
sempre há de escapar, por entre os dedos, por entre as palavras.
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